terça-feira, dezembro 1

Horas mortas



Essa amargura feita de angústia me persegue noite adentro
Essa melancolia das horas mortas que se contempla o nada
Que tira do rumo um projeto de futuro pelo tempo efêmero
Eu que já fora faminto pela eternidade já não mais a almejo
E os vorazes minutos devoram a parca areia da ampulheta
Que criatura sou? Que pensa, que sofre, que ama, que sofre
Do pó ao pó, iludido, sobrevive tão-só para um dia morrer?
Sozinho pelo inexorável tempo até que a terra o consumirá
No negro silêncio dos céus sem estrelas jaz toda esperança
No inconsciente o visgo da culpa de ter tentado me refazer
Não mais me assoma o esforço ingente de soerguer as asas
E voar rumo ao horizonte onde acreditei morasse a poesia
Mas é tarde, já não há volta e o sonho se quedou no oblívio
Sou uma caricatura triste de mim mesmo alisando palavras
E meu coração já não bate, se esconde no peito que o abriga
De tudo, nesta malograda aventura, não há herança a legar
Senão horas a fio a lutar contra a secura da mente e o papel
Contudo, amparado pela teimosia, sigo, certamente errado
Numa inútil espera por um momento mágico de inspiração
Em que a pena acarinhando versos me torne, assim, imortal.

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