quinta-feira, agosto 27

Falsidade



Remoo meus vocábulos na construção de poemas
Tal qual as ovelhas ruminam nas horas de insônia
Uma a uma a saltar as cercas das noites de sereno
Que de meu leito pastoreio na busca das palavras

Esculpo imagens de uma outra amada imaginária
A fim de calar as feridas gretadas pelo abandono
Desenho no ar mãos transparentes a me acariciar
Invento o calor a me abrigar neste frio de inverno

Indago aos seres noturnos a razão desta amargura
Meu pensamento vagueia em busca das respostas
Porém nada é real além desta dor mística e antiga
Que rompeu os parâmetros que impunha a aliança

Onde amanhou o desamor todas as rosas morreram
Legiões de demônios nutrem a teoria da suposição
Que nega o aconchego e celebra o fragor da solidão
Causando a mortificação nesta fria e dolorosa vida

Perdeu-se no tempo o ímpeto avassalador da paixão
Para nos afundarmos exauridos na ausência da alma
Distantes do leito em que se viveu grandes emoções
Por viveres em uma realidade desigual na sua mente

Meus versos são consumidos nas dobras da agonia
Não mais crepitam ou fremem como o fogo da carne
Apenas acendem o grito da fome por um dia melhor
Tão longínquo tal qual revelação que não aconteceu


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