quinta-feira, agosto 27

Lamento



Certo dia amanheceu e lá estava o muro branco da indiferença
Que uma pessoa sem amor ergueu pensando assim estar segura
Porem se olvidou que a vida está na cor das violetas e girassóis
E que é o sonho que abre os horizontes rasgados para o mundo

Hoje contempla numa indagação vazia de sua escura mansarda
Onde, ínscia, teceu que meu abandono lhe abriria largas vidraças
Entretanto nada gerou, senão a ausência que ela mesma buscou
E o silêncio de meus versos como espólio de tudo o que destruiu

Ignora que um calafrio febril seja o toque oportunista da morte
Jamais o arrepio vermelho da paixão que se perfaz no meu peito
Não mais lhe chegará ao ouvido o trinar venturoso dos pássaros
Apenas o lamento das carpideiras prenunciando tempos de dor

Ora busco me fazer renascer a salvo entre os espinhos herdados
Confiando rever os sóis amarelos, os mares, a gente e as árvores
Para correr desvairado, de braços abertos, pelos campos em flor
Para ressurgir reinventado entre dores que a vida sempre trará

A verdadeira grandeza humana está em sua envergadura na luta
Não em crer na retórica que se esconder faz que o amor não doa
A fuga nada traz, senão o arrependimento a coroar-lhe a caveira
O amor sempre dói, contudo seus frutos são a própria eternidade.

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