Crônica dos Porquês do Amor

                              Não se ama uma pessoa por causa de sua educação, porque ela se veste bem ou porque gosta desta e não daquela música. Nem mesmo pelo fato de sua estatura ou cor dos cabelos. Essas são referências que podem leva-los a se conhecer, mas não a se amar.

                              Não se ama uma pessoa por sua beleza exterior, esta é apenas sua aparência momentânea e pode não resistir a menos tempo que uma simples década, mas por seu interior, onde reside sua verdadeira beleza e uma razão duradoura para se amar alguém.

                              Não se ama alguém por sua inteligência e cultura, estas são qualidades que podem facilitar a comunicação e o encontro entre as pessoas, mas ama-se uma pessoa por sua humildade de se revelar sem máscaras ou estereótipos, ama-se-a pela coragem de permitir que o outro a conheça verdadeiramente.

                              Não se ama outra pessoa pelos bens materiais que esta foi capaz de amealhar, pois sua verdadeira riqueza está em seu caráter, que vem de berço e não pode ser adquirido. Ama-se uma pessoa pela sua capacidade de se doar quando a moeda em circulação é o carinho, o afeto e a compreensão.

                              Ama-se uma pessoa, sobretudo, pela sensação que provoca o contato com sua pele, por seu cheiro, pelo som de sua voz ao contar seus sonhos, bem como, pelo mistério de deixar para que se descubra outros tantos por si, pelo tamanho da falta que faz quando ausente. Ama-se pela cumplicidade e afinidade que se tem com a outra pessoa.

                              Não se ama a outra pessoa porque esta seja sua metade ou porque ela o complete, pois não somos metades de fruta alguma ainda que essa nos pareça saborosa, cada um de nós é uno, inteiro e vive de forma individual. Ama-se, enfim, porque é da nossa natureza como seres insensatos, nunca bastar só em si.