quinta-feira, abril 13

Desassossego




Nessa tristeza que se alastra, uma linha tênue linda o limite
Que nos insere uma solidão, um abandono, assim inevitável
Sinto que se vão distantes as doces tardes morosas de verão
O frio invade os dias, corações e ruas todos deixados tristes
Nas horas lentas que a noite traz, ébrias de razão e fórmulas
Enfim me torno eu na alma herdando meros e vagos dizeres
Nem o bulício das pessoas andando apressadas me acalanta

Vejo pessoas que aprenderam a viver sós, que mentem amar
Na farsa abstrata se abriga o vazio concreto desse contraste
Não sei como fazer para afastar a amargura em que te firmas
Nem sei mudar os mistérios da álgebra se assim não se quer
Do alto da majestade de meus sonhos, eu guardara teu lugar
Do qual te subtraístes, já não me iludes e nem posso sonhar
No meu coração não há paz nem sossego, apenas resignação

Aqui deste quarto reles, absurdo e anônimo, escrevo versos
As vezes o poema pesa tal como mil páginas de um livro antigo
Teu destino é ser só; meu sonho não te causa outra realidade
Nem estes versos poderão curar-lhe a amargura de tua culpa
A noite traz a sensação remota de vida à essência das coisas
Para compartilhar a graça de ser tudo e um ao mesmo tempo
Mas sei que jamais serás mudada apesar de teu despropósito

Sobe-me da alma à mente uma tristeza e toma todo meu ser
Por saber quanto és indiferente em trilhar um caminho uno
Anteponho palavras como fossem a salvação para a tua sina
Mas isso também te muda nada, é tudo alheio ao teu destino
Ao que escolhes para ter ao lado e não é a mim que escolhes
No final de tua lista há meu nome e enfim sei o que sou a ti
Sou estranho, incógnito, um ninguém, um acaso no caminho

Vivo um tempo que não é meu, um lugar a que não pertenço.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário