O falso brilho das promessas é o perfeito retrato do que é ilusão
Nossos
sentidos se lançam a acreditar que tudo será como dito
Os
corredores e cômodos silenciosos e vazios são a prova disso
A
janela aberta da casa, ao vento, imita asas, mas não há o voar
E o que
restou para sonhar do desejo de viver novos horizontes
É cais
varrido pelo aferro das águas de tantas e tantas partidas
O sol inclemente cresta o chão à margem do rio de fato distante
Mas
não há o porto a ancorar nestes tempos tão ermos e áridos
Olhar
afora dos batentes da janela pode trazer uma ideia fugaz
Um
pensamento, por certo irreal, de que haver-se-ia a liberdade
De
se lançar noutro voo às cegas e afastar o que não contenta
Na
quimera de que o horizonte tão ansiado poderia ser logo ali
Mas é
tudo tão remoto e já não se sente a textura das estações
E
não há o conhecimento que te dê à mente os milhões
de asas
Que são hábeis a reafirmar que o amor existe e é quanto
basta
Nem
a esperança que insiste ficar pela crença que deve resistir
Tal esperança
nada mais é além de um tecido puído pelo tempo
Estendido
no caminho de tanto tropeço nas dores da revelação
A
vida cobre-se de equações mal resolvidas, de flores efêmeras
A
vida é uma primavera de pétalas caídas, de adeuses precoces
Por isso
sigo em meu desterro, sem sorrisos, atrás
desta muralha
Mas aguardo o milagre que um som de violino trazido pelo
vento
dissolva o silêncio e permita
que a minha mão toque a tua e que
À sombra dos
girassóis nos mostre o caminho de volta ao amanhã
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