É imperioso acreditar nos sonhos para se compreender a poesia
Bem antes das respostas situa-se o entendimento das perguntas
A notória inclemência do tempo se opõe dura ao conhecimento
Uma só existência é tão curta para tudo o
que se deveria saber
O que quero, o que devo e o que posso
coexistem todas horas
E impende que saibamos diferenciar a farsa, da inocente ilusão
Saber disso não se mostra nos
brados dos discursos inflamados
Antes, nos pequenos silêncios interiores que a vida nos permite
E quando se acha tudo se fez claro, explicável pelo nexo lógico
Há a poesia que, com afeto, a nada pacifica e a tudo questiona
O poema não germina das elaborações magistrais dos intelectos
Reside adormecido nas entranhas, nutrido das dores de amores
O verso aguarda, qual aço na forja, o ferreiro que o fará lâmina
Para reabrir as chagas
indeléveis da alma, ao expor seus medos
E qual a argila que ganha vida na mão do artesão, desses medos
Moldará o orgulho do poeta ao saber que a vida deve ser vivida
Intensa, pura, além das aparências, sem recuar
ou medo de sofrer
Admitindo que até nas
perdas seu coração pareceu quase imortal
Pois não sabemos onde estará a linha de
chegada na prova da vida
Ao apagar das luzes, o romance
e os sussurros mostrarão seu valor
O mesmo poema cantará tantas
chegadas quanto outras partidas
Quão vazio seria o ressoar da voz se não
tivesse histórias a contar
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