terça-feira, fevereiro 12

Realidade


Há tantas coisas que me movem a pensar em quem eu realmente sou
Sou o estranho que não esconde sua tristeza nos véus da hipocrisia
E nem por sonho me isento dos defeitos que mostro a quem convivo
Mas sou sincero e afetuoso e na tua dor e necessidade estarei aqui
Sou aquele que carrega em si medos, inconstâncias, fúria e negação
Possuo complexos que as agruras da vida insculpiram fundo em mim
Mas tenho em mim o amor que te faz jovem e leva a secretos paraísos
Vive em mim a angústia, qual o som de sinos de tempos imemoriáveis
Tempos outros que sonhava com a ilusão que a vida um dia seria feliz
De fato, deixei passar os verões e primaveras, vieram outonos e nada
Logo chega o inverno que a tudo destrói, que é a própria melancolia
E sou a ave que não migrou ao fim da estação em busca da felicidade
Porque acreditei quando acenaste, que esta vez podia ser diferente
Mas os dias passaram, me abandonaste, por certo, com toda justiça
Ou justificativas que puderes encontrar, no meu jeito errado de ser
Porque decidi ignorar que todos têm suas próprias histerias e dores
E quando elas clamarem não serão as suas lágrimas as que importarão
Ninguém fará o que tu precisas, mas o que creem que devias precisar
O luar some detrás das gotas de vapor que fazem as nuvens cerradas
Como tuas virtudes e valores sumirão ao longo do tempo de convívio
De nada adiantará tua gentileza e teus agrados, serão sempre pouco
Teus defeitos serão enormes e nada que acertares a eles se sobreporão
Se não fores exatamente o esperam que sejas, ainda que não sejas tu
Teu poema deixará de ter rima que infundia admiração nos corações
Para ser a folha em branco como a flor que, sem ter água, murchou

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