quinta-feira, julho 9

Velho Mundo


Quão longos são os caminhos que nos separam do velho mundo
Seu chamado vem do mar, na luz ansiosa da esperança anônima
Todos os faróis iluminam as estradas invisíveis no esquecimento
Dentro de mim tudo se move com paixão no urgente sonho azul
No céu, ao norte, estrelas deserdadas brilham num pulsar febril
E toda palavra, no coração do poema, aponta rumo ao ocidente
A terra dos ancestrais, habita dentro de nós mesmo em silêncio
De lá pertencemos e ainda renascidos, somos tão-só passageiros
Na noite tardia, mágicas memórias, são companheiras exultantes
Ave migratória que sou, busco retratar toda saudade no poema
E na disciplina dessa frágil caligrafia, lavo minha alma e coração
Na beira do mar a ácida névoa de cinza, a esconder o horizonte
Ao longe, cintila a folha branca de papel onde deitam os versos
A aragem varre os extraviados da noite nos portais da ausência
A fumaça se eleva em espiral do bule na mesa do café da manhã
Ouço a brisa pronunciando meu nome nas instâncias da memória
É o chamado dos antepassados que acende a chama da saudade
Que prepara este canto, enquanto o esquecimento não assoprar


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