quarta-feira, setembro 9

Faces de Carvão


Chega a noite e suas faces ocultas de carvão, segregam o negrume
Espalha-se no ar, entre signos de um sonho azul, uma música antiga
Que ecoa no concreto da selva urbana, onde agora é tudo distante
No silêncio do meu quarto, é tanta solidão que a sombra faz ruído
Ouve-se o mover de passos ausentes e sente-se o calor da ausência
Por todas as indagações que ficaram nesses caminhos mal traçados
No reflexo baço de indesejadas memórias de um adeus que não dei
A ventania dos tempos bate seus cascos pelos desertos anunciados
Os trens do isolamento carregam a dor da tristeza que viaja em nós
O grito súbito da noite alerta para a faina diária, lâmina viva do dia
A geometria silenciosa da madrugada traça a parábola da escuridão
Nas dobras da palavra, o poema frágil e transitório, afinal recompõe
As linhas que o destino capta e nos aprisiona em verdades relativas
Eu, pássaro e minhas asas em chamas a sobrevoar o pó das estradas
Recolho as tempestades em cor e som na perpétua roda dos tempos
Apesar da cegueira dos que nos julgam, um novo dia há de renascer
Com a luz do dia tudo irá reflorir no sonho límpido dessa primavera

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