sábado, novembro 21

Limites

 Viro os olhos para o céu e não há no alto nenhum horizonte

Caminho sozinho na cidade e seus limites febris de concreto

A paisagem acima é cortada como o bisturi corta um câncer

Por isso é que tanto amo os horizontes sem limites da poesia

No coração acelerado, mal exercito-me, são apenas lágrimas

Nem vejo mais, nas esquinas, as flores brancas da esperança

Que um dia decoravam meu ir e vir entre nuvens de algodão

Que lá do alto iam derramando as gotas de chuva brilhantes

Nestes dias de pânico e angústia, a vida abriu-se à escuridão

E lá estão as flores arrancadas, traídas pelas palavras tão vãs

Quedadas sem voz, apenas num suspiro demasiadamente pífio

Um agravo ausente, uma frase aflita ou dolorosamente tardia

Ouço passos dos que se distanciam pelo corredor do hospital

Penso nesta vida e grito para pulsarem flores, sonhos e versos

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