terça-feira, outubro 27

O Ser do Poema

 Dentro do pensamento a paisagem noturna se desdobra

E se incorpora no ar, resguardada em ritmos e segredos

Por detrás do poema existe um poder, um ser, o seu eu

A obra objetivada em pele e carne, que sente calor e frio

Tudo brota de um mesmo fermento ou um mesmo invento

Palavras nas quais tropecei, a derrubá-las sobre o papel

Palavras caídas do linguajar que encubro dentro de mim

Assim como as primeiras chuvas, fruto dessa indiferença

Redijo o impossível, escrevo da memória o esquecimento

Escrita continuada subconsciente - volume, corpo e livro

Sem que se tenha o ontem, não há morte e nem há vida

Apenas não sei da essência de que é feita toda a solidão

Na sombra luminosa do silêncio que se revela movimento

Forma nua projetada em seu espelho tornando-se visível

Face ao desejo interior do poeta que é o que a tudo move

E por ele, também, são devorados qual a sombra e o fogo

A alegria do pássaro contaminou o jardim com veemência

Com seu canto áspero que percorre a geometria do verso

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