terça-feira, abril 6

Ciclos

 A tarde se cobre de tonalidades cinza de um novo abril

A névoa densa a beira mar a anunciar um tempo sombrio

Está já distante da primavera, mais próximo dos soluços

O vento frio a mostrar suas asas sobre toda a terra crua

Na planície de brancos reflexos do dia, um grito partido

O sol se deita dolorosamente nesses horizontes infinitos

Deixando sua esteira rubra sobre o azul límpido do mar

Dos barcos, as velas distantes, se assemelham a adeuses

Meus olhos as contemplam como a indagar por onde irão

Serão esperadas em outras terras ou apenas vão a passar

Toda a paisagem se apropria dessa melancolia do outono

Uma saudade que aperta a garganta sem se saber porque

A tarde se despede quase moribunda, a noite já espreita

As gaivotas, tristes, cantam pelos barcos que já se foram

Minha voz também se foi e a chuva vem para se anunciar

Com ela também o meu cansaço e meu coração mendigo

Treme, como uma criança perdida ao fragor dos trovões

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