terça-feira, março 16

Tempos Modernos

 Nestes dias tão invulgares meu olhar fita o mundo à volta

Constato que nada é como parece ser, até música é outra

Ainda assim, não desprezo nada, dou bom dia ao mendigo

Faço se mover o poeta que reside por baixo da minha pele

Pois grava as coisas que eu vejo para sacudir meus sonhos

Vejo pessoas, flores, almas, sons e movimentos à marginalia

Aqui seguimos pendurados na terra, nossa casa destelhada

A rua crepita ao passar dessas consciências ou à sua falta

Meus passos ecoam entre as paredes de meu quarto vazio

Não há consolo para os heróis vencidos, apenas desapreço

As meninas não sonham mais com príncipes, antes dragões

Não consigo imaginar que esse fosse o desígnio da criação

São tempos que parecem bem mais articulados com o diabo

Não sinto mais o perfume dos jasmins em todo entardecer

O gato se esgueira pelos muros com seus olhos de mistério

A pena mergulhada no tinteiro sobre a mesa, a folha vazia

 

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