quarta-feira, maio 19

Tempus Fugit

 Agora que da juventude só restou saudade

Sei a dor da poesia que se esconde na noite

A dor de ave migratória a voar tantos mares

Rememoro os aromas de um antigo perfume

Não sou mais um menino de caligrafia frágil

Mas, nada olvidei mesmo ao longo dos anos

Nem o gesto trêmulo de empunhar as tintas

E fazer que as palavras soem como violinos

Lembranças luminosas de beijos memoráveis

A acelerar o peito como trem desordenado

Para senti-los no vento do outono em maio

Na senda do frio de um inverno prematuro

Onde cintilam, brancas, as folhas do poema

Sei da pergunta que caminha desde sempre

Cingida de sentimentos em nossas sombras

Essa distância do que amamos e não temos

As paredes onde pendemos vivas memórias

O medo de mostrar-se mistérios profundos

Vividos à luz de velas, desse vinho tão veloz

Para nos esclarecer que na realidade o amor

É o querer nascido luz que se fez eternidade

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