sábado, setembro 10

Estrelas Partidas

Na noite de brumas, não espero a vinda da luz
Nem céus de brigadeiro, coalhados de estrelas
Esvanecidas pelo tempo em ocultos ondulares
Em que restam tão só angústias assombreadas
 
De todas músicas que nos tocavam o coração
Não ouvirei as vozes de um universo ancestral
Ou o chamado amigo que convidava ao abraço
O campanário de outrora não toca suas elegias
 
Na noite cinza a chuva persiste, cai indolente
Sobre as estátuas frias n’um jardim sem flores
Onde correram águas tranquilas e rios cálidos
As gotas quais cristais se partem no mármore
 
Aonde já arderam desejos, eruptos em chamas
Hoje é deserto, milhas e milhas de tanto nada
Uma alma cinzenta emergida d’um mar de nãos
À espera de ressureição pelas estradas do céu
 
Segredos errantes sopram ao vento frio do sul
Orvalho de neve que se faz pelo hálito celeste
Eu, surdo a tantos signos, afirmo que acredito
Que, seja só sonho, os astros voltarão a brilhar


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