terça-feira, maio 30

Estação

No banco da estação numa tarde de sol a pino

Recosto-me na sombra macia das tuas palavras

Leio o livro que conta segredos em teus lábios

E sussurras carícias na língua em que me falas

Dialogas com o olhar, ébrio deixo que me leves

Bebo, pouco a pouco, as verdades inconfessas

no mar de tua boca que embriaga minhas mãos

Que murmuram ocultos vocábulos com o tato

No teu pequeno barco transportas meu alento

Diviso teu corpo sem mapa nas rotas do tempo

Já nem importa o rumo que este barco me leve

Vamos de sonho em sonho a buscar horizontes

Sob um céu onde o ar tépido enleia preguiçoso

E todos os pássaros vêm cantar com minha voz

Qual no dia que, nos ninhos, já não chove mais

Na esperança que tu os ouças nos meus lábios

Seguimos aliviados e ligeiros ao trem que passa

Transportados de ida e de volta, sem passagem

A fumaça do trem que parte apita viva e louca

Pelos trilhos que nos levam conhecer o infinito

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