quarta-feira, maio 31

Palavra Nova

A palavra procura o papel qual pássaro que atravessa

O céu do crepúsculo sem deixar canto e nem marcas

Já alcançou aquele sonho na velocidade da realidade

O futuro nada é mais que uma atitude do dia de hoje

 

A palavra se projeta qual flecha atirada ao horizonte

No hermético labirinto de cruas vias no espaço-tempo

Em sua intenção reveladora e indefectivelmente letal

Tocar no que apodrece, libar à força venenoso olhar

 

A palavra é quando crisálida e também é se mariposa

Qual a semente busca terra fértil e cai no chão árido

Já crestado de pedras pela incidência das desilusões

Mas brota coberta de um ontológico manto piedoso

 

A palavra descreve paisagens semânticas e vida viva

Ou que habite um falso reino raras vezes idealizável

De folhagem azul, desmoronada fonte de água pura

Ou outra beleza mal inventada no sol do amanhecer

 

Quando a palavra fala de amor, fala só o eco estético

A frágil andorinha na eterna busca d’um verão fugaz

Por vezes morre vencida pelo inverno em meio ao voo

E a arqueologia não registrará seus corpos náufragos

 

A palavra-verbo acabará tendo a sabedoria do amar

Despojada de toda convenção estúpida e servilismo

Muito mais sábia que a imagem corpórea ou analogia

Sem linguagem e de ora em diante tão só no coração

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