Palavra Nova
A
palavra procura o papel qual pássaro que atravessa
O
céu do crepúsculo sem deixar canto e nem marcas
Já
alcançou aquele sonho na velocidade da realidade
O
futuro nada é mais que uma atitude do dia de hoje
A
palavra se projeta qual flecha atirada ao horizonte
No
hermético labirinto de cruas vias no espaço-tempo
Em
sua intenção reveladora e indefectivelmente letal
Tocar
no que apodrece, libar à força venenoso olhar
A
palavra é quando crisálida e também é se mariposa
Qual
a semente busca terra fértil e cai no chão árido
Já
crestado de pedras pela incidência das desilusões
Mas
brota coberta de um ontológico manto piedoso
A
palavra descreve paisagens semânticas e vida viva
Ou
que habite um falso reino raras vezes idealizável
De
folhagem azul, desmoronada fonte de água pura
Ou
outra beleza mal inventada no sol do amanhecer
Quando
a palavra fala de amor, fala só o eco estético
A
frágil andorinha na eterna busca d’um verão fugaz
Por
vezes morre vencida pelo inverno em meio ao voo
E
a arqueologia não registrará seus corpos náufragos
A
palavra-verbo acabará tendo a sabedoria do amar
Despojada
de toda convenção estúpida e servilismo
Muito
mais sábia que a imagem corpórea ou analogia
Sem
linguagem e de ora em diante tão só no coração
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