sexta-feira, setembro 15

Tormenta

 

Em plena tormenta ela era qual um sol na noite
Farol que nunca se apagou na minha escuridão
Sua rebeldia era verdade, face a tanta mentira
A outra face quando muitos não quiseram ver
A estrada ao não paraíso, anarquista e trágica
Utópica rosa libertária, se o exílio não a fez flor
Tampouco podou-lhe os espinhos e as palavras
Eram os anos 70, o chumbo na novela histórica
Era parte da circunstância social ser perverso
Vigiando no menor descuido, uma palavra mais
Corria-me nas veias o fogo sagrado da rebelião
Ela era meu esteio, meu fiel e a minha guarida
Sempre ocupei meu lugar, sem pedir permissão
Ela trazia-me o limite seguro, na palma da mão
Em vez da espada deu-me papel e esta caneta
Em vez de bombas, deu-me o poema libertário
Com os quais, a cada dia abato meus inimigos
Mas aquela manhã ela não veio, ou a seguinte
E nunca mais, ficando a questão irrespondida
Como seria seu vingador, de sangue ou tinta?


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