sábado, março 2

A estória não contada

Ias no meu sonho a me cavalgar, a exata trama do absurdo

Como renascida Lady Godiva, emissária da nova primavera 

Delírio nu mesclado de doçura no silêncio da noite escura

A pele alva de teus irreprimíveis seios a me indicar o norte

Para um pomar de frutas perfumadas em seu louro tremor

E eu tal pássaro desgarrado voo num jardim de maravilhas

Ouço concertos de lilases, entre surdos suspiros da terra

Minha esperança concreta em teu abraço feita de violino

O paradoxo da mansa fúria d’um círculo afetuoso de mel

Mil redemoinhos de sangue febril, correm em minhas veias
Sigo teu rastro pela noite, unidos até irromper a alvorada
Meu bem, meu martírio, minha performance sem aplausos

Porta de confins que não se fecha, andança de minh’alma

Rosa-mulher que é flor mais ardente, mais tênue e sincera

Regressa em branco, melancolicamente, palavra e espinho

Ao final, desperto heroico, imortal a estória não contada

 

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