terça-feira, junho 16

O que importa



O rio corre sobre seu leito esgueirando-se entres pedras
Vai de forma resoluta, com decisão, seja qual o caminho
Nessa rota, a água com desenvoltura, despida de orgulho
Acompanha as curvas e saltos, sem perder de vista a meta
Importa ter no olhar a certeza de quem olha a realidade

A estrela lavra seu brilho místico ou matemático no céu
Sendo imponente como Aldebarã ou discreta como Mira
Mas lá está a compor o tecido noturno que cobre a terra
Brilho que pode já não existir, na imensurável distância
Importa ter na fala a clareza de quem fala com verdade

O fogo flui sua energia tão inegável quanto incorpórea
As labaredas abarcam as achas de lenha a consumi-las
Mas o ardor consome a si na brevidade de seu apogeu
Fulgura sua chama em direção ao alto como uma prece
Importa ter nos gestos a fluidez de quem é só essência

Na poesia reside um coração já combalido dentro e fora
Ferido pela dor física a que lhe impinge véu o cotidiano
Mais pela dor da intolerância de quem deseja comandar
Caminhando sem destino, sem um lugar onde retornar
Importa ter no coração amor como só o poeta sabe amar

O vil metal a comandar as vidas de quem menos se espera
Obrigado a deixar minha casa por não tê-lo neste momento
Cínica promessa na saúde ou doença, na riqueza ou... rua
Na doença eu imaginava que alguém iria me poupar da dor
Importa ter na mente perdão àqueles que não sabem amar

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