quinta-feira, agosto 25

Instante



Há um instante entre tantos outros possíveis instantes
Em que te olho no fundo dos olhos e nada mais importa
O tempo, o espaço, o resto do mundo ou ainda a chuva
São dispensáveis as palavras, outros gestos e alegorias
Além do balançar cadenciado de nossos corpos juntos
Vamos ao fundo do ser num ritual que só nós sabemos
Dois corações em um só ato e dois corpos como um só
E todo o caos do universo em um momento se compõe
Nesse mundo à meia luz, na inocência de nossa nudez
As sensações se apropriam da tola presunção racional
Até as mais firmes certezas desabam em cor e suspiros
Assim sei que és meu templo e meu amor é a tua oração
Percebemos que já fomos náufragos dessa velha solidão
Uma emboscada do vazio, um jogo perdido de antemão
Porém, de mãos entrelaçadas caminhamos juntos agora
Para reescrever a vida na longínqua terra da imaginação
E afinal habitar tua geografia com meus cavalos de fogo
A viagem chega à estação insciente da harmonia divinal
Mas fica, ama-me outra vez. Para sempre neste instante

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