terça-feira, julho 4

Poema





No chão de madeira corrida que reflete o calor das luzes de outrora  
Busco a minha identidade, busco a imagem que me possa descrever
Agora que o inverno já derruba as folhas avermelhadas pelo outono

O verde das colinas reside em tão só embargada e distante memória
No passado recente ficou um som desagradável, música malsonante
A tocar acre no meu ouvido e no suor que transpira pela minha pele

Meu pensamento traz recordações assíduas de abandono e silêncio
Dias ocos, repletos de partidas, de olhos sem brilho, de mãos vazias
Mas o que passou é passado e o mundo é uma campina sem limites

Eu que sou feito de anjos e demônios, pronto a me doar ao universo
Tenho o medo impregnado em mim e nas veias a loucura de desafiá-lo
Minha vida transborda insanidade, intensidade, tragédias e comédias

Cada detalhe é a verdade ou uma mentira sincera, um jardim florido
Derreto-me ao doce som do aplauso, sou o mendigo entre tantos reis
Nada em mim será real se não existir de fato em mim, sou dia de sol

Em mim o feio tem sua beleza, o amarelo tem seu tanto de vermelho
Caminho à beira das casas, de paredes caiadas e das janelas cerradas
Meus lobos correm livres nas planícies, meus trigais da adolescência

Sou menino-homem construído para enfeitiçar, sou mil e sou nenhum
Eu creio no impossível e na minha pele ardem chagas vivas de paixão
Sou o invite das nuvens cinzas à chuva para misturar-se às lágrimas

Vim para encantar ou aborrecer, tenho asas e fogo, tenho dor e amor
Estou no trilar dos pássaros, na tua voz quente e mansa a me chamar
Meu nome é Poema, moro na estrada do amor, onde o olhar alcançar

 

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