quarta-feira, maio 31

Transições



No perene trânsito do mundo muitas vezes nos calamos
Cala-nos nossa alma, nos encolhemos diante dos pesares
A pesares quais dores sejam mais vulgares que o silêncio
O senso que nos atrelou à essa coisa fria que diz ser vida
Servida de qualquer jeito tal que nos privando de cantar
A decantar as palavras em exílio, ideias nuas de verdades
De nulidades que seria de perguntar a qual fim serve isso
Sem viço e sem brilho, só angústia e vazio atrás da porta
Que transporta a outras deidades a culpa dessas decisões
De cisões e afastamentos, que nos rapta sutil desse amor

O carinho que olvidamos de dizer é a dor que transborda
Traz na borda o espinho na garganta que cala esta elegia
Esta alegria roubada, uma saudade frígia breve e concisa
No cinza dos dias que revolveu o horizonte em encantos
Em cantos solitários, versos glaciais que jamais lhe dirias
Nem medirias o quanto tudo isso te fez outra e diferente
Que de frente a muitas questões há tão poucas respostas
Repostas nas lembranças esmaecidas de minha realidade
Da real idade que jamais notei enquanto o tempo seguia
Pois se guia a vida por sua intensidade e não pelo relógio

O verso cala o silêncio, desnuda a vida, acende o coração
A leres o poema não o vejas em mim, toma a ti e te sirvas

Um comentário:

  1. Sem ser belicoso, suave!
    Denota um certo desalento, porém sutil.
    Encantador... como vc!
    Adorei!!!!!

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