domingo, julho 30

Vírgula



Há vezes que sento-me na solidão ilusória do aconchego desta cadeira
E como hábito, um rito, um clamor ao qual não sei negar, me adjudico
Para ir buscar nas entranhas dores que já vi, que já ouvi ou que já vivi
Letras quais semeadas brotem lágrimas que sejam gênese deste poema
Em um canto de lamúria muda, o que revelo esconde a pessoa que sou
Onde caiu a vírgula, majestosa, tudo transforma e assim te conquistar
Definindo minha presença na tua vida, dentre os desejos mais solenes
Outros tão íntimos, em forma de poesia derramada pálida neste papel
Quem sabe desejos eletrificados, não importando se é amor ou paixão
Os sonhos que não se pode ler, ora que se ocultam, venhas despontar
Meus olhos já vislumbraram o irreal por trás de saudades petrificadas
Basta dessas horas mastigadas a instigar a agonia que não se esqueceu
Cessem os conceitos ou postulados obsoletos para controlar o querer
E do reproche nos caminhos pré-traçados e coreografias tão corretas
Busco a delicadeza na fúria, o trovão no sopro e um abraço infindável
Quero desconfigurar o mundo, sem medos cotidianos ou unhas roídas
Um só minuto e ir de encontro ao que sinto sem enganar meu coração
E ainda que não haja mais dor a ser sentida, ainda transpirem emoções
Na página virada rumo a amanhã, sentir teu cheiro em forma de poesia

Um comentário:

  1. Desconfigurar o mundo através da delicadeza da brisa, da fúria do trovão é achar a harmonia da convivência.

    ResponderExcluir