quinta-feira, agosto 3

Celebração



Hoje celebro minha presença em ti ainda que seja um átomo que habita teu ser
Uma haste da relva de teu verão, mas divertido, compassivo, sensível, profuso
Em ti descanso tranquilamente e convido minha alma. Em ti, louco me refugio
Com a esperança de não cessar até morrer. Ecos de minha mais bela inspiração

Mesmo sonhando, reconheço na atmosfera a tua fragrância entre mil perfumes
Fica esta noite e ainda este dia comigo e será tua a origem de todos os poemas
Até despir-me-ei de meu disfarce e ficarei nu de crenças pelo bem ou pelo mal
Ouça o som, canção de nós mesmos erguendo-nos da cama e encontrando o sol

Ao meu lado, será teu o bem da terra e de todos os milhares de sóis a descobrir
Hoje me recebe, ainda que seja eu apenas uma das árvores de tua vasta floresta
Sente o odor de minhas folhas verdes como a essência que inebria eternamente
Ouve a algazarra remota da infância nos campos e colinas do outro lado do vale

Repara no gorjeio matinal dos pássaros quase a sussurrar nos ramos das árvores
Na dança de luzes e sombras que a brisa causa ao soprar suave como um abraço
Ouve o som da minha voz a te dizer redemoinhos de palavras aos quatro cantos
Respira esta poesia de murmúrios vagos talhada nas pedras brunas da beira mar

Ainda que não enxergues através dos meus olhos vê minha certeza do que sinto
Certeza tal a mais certa certeza no envolvimento da verticalidade de nossa vida
Sente meu anseio recriador do mundo, sem paraíso ou inferno, mas tanto nosso
Inalcançável aos eruditos e ignorantes este mistério vive e aqui estamos, juntos

Aceita meus beijos e abraços afetuosos, altivos, etéricos replenos de substância
Também por achega o sexo, quiçá omisso, mas feito na batida do meu coração
Saibas não possuíras coisa alguma de segunda mão nem alimentarás fantasmas
Estou sim satisfeito – vivo, danço, rio, canto busco dar o melhor e isolar o pior

Entenda não é possível mais perfeição que agora e há ardilosos sempre à volta
Olhando com a cabeça pendida para um lado, curiosos sobre o que está por vir
Se aprazem com a solidão, sentem orgulho sem entender o sentido dos poemas
Mas só nós sabemos provar o invisível ou qualquer partícula que ninguém a vê

Pois te convido a este amor de raiz que enche nossa casa com sua exuberância
Conhecendo a adequação e a equanimidade das coisas, enquanto eles discutem
Tu és necessária nesta estrada como a passagem do sangue através de pulmões
Serei sempre teu companheiro amoroso que dorme abraçado a ti a noite inteira

Um dia, algum lugar, uma eternidade após, eu lembraria tudo isto num suspiro

Um comentário:

  1. Exaltar este Poema sinto um misto de alegria, tristeza, beleza, indenidade...
    Parabéns! Perfeito..

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