quarta-feira, novembro 29

Tempus Fugit




Na triste vida dos relógios sufocados sob a poeira da vida
A poesia é o avesso da solidão onde transitam as palavras
As lembranças na sua transparência, espelham a angústia
E na sombra dessa dor a oculta, como véu de pensamento

É basilar o tato cristalino para não perder o vigor do verso
E andar pelos dias entre as veredas que orlam os moinhos
Desperto no espelho interno pela ânsia do viver contínuo
O que fazer quando os dias criam do pensamento, o vento

Que fazer à vida, essa alma sozinha que se arraiga à poesia
Que é o próprio moinho pelos caminhos sem algum vento
O que fazer da gravidade vertical da chuva diante do amor
Para, reduzida à consciência de cada dia, desafiar a morte

No espanto de nossa insciência, nosso desejo só de proibir
Cavamos a cada dia, sem cessar, à espera do rigor da morte
Nosso desaparecimento na tempestade dos anos olvidados
Nada exaure mais o gosto de fel na boca que a suave poesia

Amanheço, no novo dia, com a chuva dos anos na memória

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