Antigos arreios de medo se
atrelam à ilusão de novos dias
De pedaços se faz a tarde que de ausências sopra na
brisa
A contar segredos como as águas do
rio os revelam às pedras
As nuvens de chuva encobrem as auroras que se
perderam
O medo vibra, ainda que se deseje que não faça
residência
E o amor se esforça, busca inglório reinventar a
esperança
Mas há um quê infeliz, dor insana de estrela que
não brilha
Porém a estrada é longa e na solidão alongamos
ainda mais
Não há amor, o céu cinza da agonia nos remete ao
silêncio
Tantos anseios se esvaem no vazio aflitivo que os
consome
As palavras se oxidam na espera, a cada giro dos
ponteiros
Como reviver-me se o desejo míngua sem o favor do
tempo
Na noite tardia em que a
memória é singular companheira
E que todas as minhas idades se
refletem nessas memórias
Pertenço ao silêncio dos matizes que agoniam meu
coração
Na distância dura e áspera qual
um non sense imperdoável
Sou viageiro solitário e cúmplice
do silêncio nessa jornada
Em que o amor esse pássaro azul, breve e
passageiro, canta
E se move pela paixão como animal noturno meio ao
sonho
Para deixar suas marcas, trilha e sombra no pó do
caminho
Na encanecida memória da
noite e suas estrelas deserdadas
Construo o poema em seu febril pulsar, tão urgente
e frágil
Sobre os ombros pesam os minutos a chegar o dia
seguinte
Saudade, ave cinza que de-há-anos
se aninhou no meu peito
Sob o lume dos castiçais a se
refletir nas ruas tristes do cais
As palavras são a voz escondida
nos territórios da alvorada
Que, avidamente, se almeja alfombras
mais leves para a alma
O banco de praia vazio, insciente dos transeuntes distraídos
Inda exala o perfume que se
perdeu em uma tarde qualquer
O vento de abril anuncia o outono chegar ao sul do
equador
O vento anuncia uma brisa nova...
ResponderExcluirO outono triste, silencioso jamais será o mesmo, pelo contrário. Apresenta-se brilhante, harmonioso, desejoso de amor e cumplicidade.