domingo, outubro 21

O Guerreiro


A noite nivela todo o relevo e encerra todas perspectivas
As florestas que o sol, dourado, faz eloquentes, se calam
E assim a noite a tudo abraça espalhando o mistério lunar
No silêncio cinzento do arvoredo, se destaca uma silhueta
Qual fosse se erguer em um palanque salpicado de bronze
Um herói moribundo sob ramagens outonais das planícies
Mas que concentra, em sangue, na memória o seu espírito
O sangue derramado inglório e que nutre uma infinita dor
Sob as nuvens, feitas vermelhas de cem guerreiros caídos
Sua última castanha, caiu entre cabanas vazias e gemidos
Não se ouve o ruído festo das patas dos cavalos a galope
Só os cães ladram, pressagiando a presença do anjo negro
As portas estão cerradas, as casas desertas, tudo é vazio
O guerreiro tem em si uma chama imune às chuvas negras
A iluminar uma réstia de esperança a lhe habitar a mente
Ancorada por golpe da sorte na lembrança mais soberana
Então se esquivar da morte com o coração entre as mãos
Colher pedaços de antigas fantasias e ilusões, uma a uma
Para adicionar aos versos do poema como fossem paixões
Resta a ausência sobre todas as coisas, ganhas e perdidas
Vivências estremecidas e lamentos. Me aproximo devagar
E ele olha e confessa: só eu não morri, todos já se foram
Daí canta uma canção baixinho e o rio corre em silêncio

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