segunda-feira, novembro 5

Estranha


Algumas memórias são como impressões digitais de tão únicas
Quase obsessivas, aparecem iluminadas na luz do pensamento
Até um perfume inebriante guarda espaço nessas lembranças
Ou sons da infância das manhãs de domingo tão vivos e atuais

Mas porque não consigo reconhecer teu rosto, tu que me visitas
Nos sonhos, pouco antes do despertar, todas manhãs de chuva
Gostaria de gritar olá... mas não saberia concluir com seu nome
E apesar disso posso mesmo jurar que reconheço tua respiração

Por mais que pareça bizarro, posso expor que noto tua ausência
Os dias que eu, criatura mortal que sou, decido fazer-me festivo
Ignorando os corações e pensamentos que saem de nossa vida
Se me conhecias, não te lembrarás, porque já não sou o mesmo

Mudo em mim, sem mudar nada de mim do que se poderia ver
E isso, é o que na realidade, parece que ninguém quer enxergar
Muitas vidas se passaram em minha vida sem nada adicionar
Outras, ajudaram a fazer o que sou, para o bem ou para o mal

E nas manhãs de chuva estamos, quão longe, você aí e eu aqui
Não recordo seu nome, nem qual dessas linhas você se encaixa
Sem que isso absolutamente importe, pois tudo é como deve ser
Na soleira da esquina o bêbado fuma charuto e fala palavrões.

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