Já chegando ao
entardecer da vida, ainda conservo espaço às quimeras
Mas não à velhice, que vê à lua branca apenas um
níveo astro nos céus
Fascinam-me as estórias contadas à boca da noite
cheias de melancolia
Que me transportam a um mundo desconhecido de
brumas aveludadas
Onde posso redimir meu tormento e abrandar meus
anseios inatingíveis
Só se vive uma vez e o tempo jamais para ou volta
atrás, disse o arcanjo
A nos advertir de tantas vezes que falhamos com nossa
árvore humana
Que apesar da maneira
mal lidada, nos fita de um jeito doce a cada dia
Repleta de uma quase religiosa admiração que canta no
canto do vento
Dos esplendores tão ardentes da primavera ao fluir indizível
do outono
Minha idade não é
medida de tempo, mas sim de espaço, onde me situo
Faço confundir tempo e espaço, sem disfarce, em sua
natureza obscura
Não há uma linguagem universal para definir do que
se trata o conceito
Mas está vivo na
refulgência do verso, um quê de brilho outro de nébula
Ambos se transmutando nas asas do pássaro que alçou
voo rumo ao sul
Ah o amor de outono, mil tolices indispensáveis
antes do frio do inverno
Os sentimentos flutuando no éter
em som e cores investindo em sedução
Não mais viver de ausências ou quedar-se abatido ao
rubi do entardecer
Romper novas estradas, novas
tintas, deslumbres a provar em teus braços
Um cometa entre outros astros
noturnos risca no céu teu nome para mim
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