sexta-feira, dezembro 7

Entardecer


Já chegando ao entardecer da vida, ainda conservo espaço às quimeras
Mas não à velhice, que vê à lua branca apenas um níveo astro nos céus
Fascinam-me as estórias contadas à boca da noite cheias de melancolia
Que me transportam a um mundo desconhecido de brumas aveludadas
Onde posso redimir meu tormento e abrandar meus anseios inatingíveis

Só se vive uma vez e o tempo jamais para ou volta atrás, disse o arcanjo
A nos advertir de tantas vezes que falhamos com nossa árvore humana
Que apesar da maneira mal lidada, nos fita de um jeito doce a cada dia
Repleta de uma quase religiosa admiração que canta no canto do vento
Dos esplendores tão ardentes da primavera ao fluir indizível do outono

Minha idade não é medida de tempo, mas sim de espaço, onde me situo
Faço confundir tempo e espaço, sem disfarce, em sua natureza obscura
Não há uma linguagem universal para definir do que se trata o conceito
Mas está vivo na refulgência do verso, um quê de brilho outro de nébula
Ambos se transmutando nas asas do pássaro que alçou voo rumo ao sul

Ah o amor de outono, mil tolices indispensáveis antes do frio do inverno
Os sentimentos flutuando no éter em som e cores investindo em sedução
Não mais viver de ausências ou quedar-se abatido ao rubi do entardecer
Romper novas estradas, novas tintas, deslumbres a provar em teus braços
Um cometa entre outros astros noturnos risca no céu teu nome para mim

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