Hoje quero
escrever um poema, imperfeito, triste de palavras
Soltas,
fragmentadas, recheadas de conjunções, sem abraços
Um lago sem
cisnes, de pássaros mudos e o tempo passa veloz
O sol vai se
pondo sereno, indiferente, o céu perdendo o azul
Quantas quimeras
se perderam nos incontáveis desencontros
A lua nova
realça as estrelas que vão piscando seu brilho frio
Hoje vou
escrever um poema sem glórias, sem flores no campo
O chão nu, crestado
dos verões, sem o perfume das gardênias
Guardo meus sonhos num relicário qual fosse uma outra
vida
A vagar perdida
em algum lugar translúcido do espaço sideral
E a lua cresce minguante como um sorriso que não
mais se vê
Outra vida, outro lugar, tudo ficando cada vez mais
distante
Hoje vou
escrever um poema mudo e áspero, palavras ao chão
Quero versos desordenados,
rabiscados bruscamente no papel
Como a solidão do
carinho que se cultiva, entanto não se vive
Como a ausência
que não é da distância, mas de presenças vãs
Já não posso
escrever frases leves e transparentes qual a seda
Nem o manso soprar
do vento que um dia já ondulou os trigais
Hoje vou escrever um poema cortante e frio como uma navalha
Pois a esperança
foi a
primeira a tombar, ferida de
desilusões
Vai-se a tarde e o que havia de claro em minha alma se
perdeu
A olhar de cima os destroços fumegantes na beira da
calçada
Não mais sou o pássaro na magia de sua dança entre as nuvens
Não mais sou o pássaro na magia de sua dança entre as nuvens
Sou tão-só alguém na vastidão, a caminhar só, na busca
sem fim
Muitas vezes a tristeza nos faz fortes. Nos ensina a mudar o percurso da nossa caminhada...
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