sexta-feira, março 29

Ama-me


Ama-me, mesmo que pouco por vez, o rio se faz de pingos
Anda entre meus poemas, eis que clamam a tua presença
Breve o silêncio será engolido pelas horas e o dia nascerá
Rapidamente o frenesi do dia me roubará tua companhia
Toma mais um gole de vinho, ainda temos tanta conversa
A manhã logo virá reclamar a si todos nossos sonhos azuis
Há tanto de ti dentro de mim que transborda meus olhos
Que são pouco para beber toda imagem de tua perfeição
Sim, fica mais um pouco, sem disfarces, mais uma música
Olha, vê o orvalho prateado ao luar são estrelas mínimas
Transpirando toda ousadia e maravilha do pulsar do amor
Ama-me, ainda que venha a chuva e o vento te assustar
Porque te trarei entre meus braços, além das aparências
Pois, mais que tudo, juntos somos porto e abrigo seguros
E jamais o inverno se multiplicará, frio, em nosso caminho
Enquanto o poema se reflete na vidraça, debruça e afaga
Na calçada já se ouve os passos dos últimos desgarrados
Enfim é chegada a hora de partir já tendo sede de voltar
Nos caminhos difíceis da vida, só anda quem ainda sonha

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