Oh memória, o que não me deixas ver que guardo sem saber
Quais são essas folhas que o vento forte não pode
arrastar
Porque de tudo apenas resta uma indelével imagem funesta
A marcha compassada das horas traz angústia, não consolo
Toda vez que a hora do sono se aproxima, também batalhas
Que não basta vencer se os tambores rufam até
amanhecer
O acordar não traz arrependimentos, nem deixa
revelações
Entre
as lutas profiro orações de improviso,
sob as estrelas
Castelos
desmoronam bem diante da ponta da
minha lâmina
A
lembrança sólida da percepção de um abraço
me percorre
Numa
recordação remota das pinturas coloridas de outrora
Agora
só a parede, marcada de pregos onde não há quadros
Percorro inquieto, corredores enfeitados de
retratos mortos
Visto
uma máscara ao acaso para que a sorte diga quem sou
Estradas amarelas, paralelas e vazias
onde eu sou tudo que há
Cães uivam para a lua rompendo o silêncio entre os destroços
Na
curva da noite, silêncio que me sufoca, mas finjo não ver
Amanhã,
o sino chamará os fiéis à missa, onde irão alienados
Com
sua fé permeável, para comentar das pessoas
à sua vista
Sob
o olhar de cristal das tão eminentes estátuas dos santos
Enfrento
meu tapete de ausências, mas não
encontro o sono
Espio
os trilhos que se estendem pelas estepes noite adentro
Lá
estão os trens, que carregam toda dor,
em seu isolamento
Cantada
nos versos antigos, que me devora até o amanhecer
Que
me sufoca em espasmos que rasgam o silêncio em cinzas
Não
há hora como a da morte, que chega num lapso da visão
Em
seu abraço frio e sólido, sem indagar
de arrependimentos
Para alguns haverá doçura nesse abraço, sofrer chega ao fim
Não mais surpresas, desilusões, não mais abandono,
nada mais
Descemos a ladeira sob escombros sem saber
o fim da descida
Nao se deixe abater. Enfrentar os desafios diários são dádivas de Deus. Saibamos enfrenta-los
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