sábado, fevereiro 5

Miragem

 

A mão do tempo de alguma forma murchou as ilusões

Murchou as flores que te colhi e não quiseste cuidar

A tristeza na alma do poeta, a enchente de angústias

Na dor sombria e erma, a distância aguda que criaste

Tua voz ausente pelos cantos, despovoados da ilusão

A flor outrora íntima e cheirosa que renasce espinho

O último consolo cai, tal qual folhas secas e amarelas

A noite arrasta seu manto, verte o derradeiro pranto

A aurora já se debruça sobre os montes e cora o céu

O cansaço da noite indormida, irá ocupar os espaços

Estrelas vadias, uma a uma, retiram-se com os sonhos

Mas tua lembrança, esse trágico devaneio, me inspira

A seguir-me radiosa fazendo verter pares de lágrimas

Minh’alma deserta ambiciona a paz para dias futuros

A luz inoportuna do dia lembra que a faina não cessa

E o amor que a tudo preenchia, doce, foi só miragem

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário