sexta-feira, fevereiro 11

Lugares

 O poema é o lugar que descobri para escapar ao mal

Onde a vida e as pessoas podem se esquecer de mim

Ah, os vazios do mundo, só o poema lhes deu corpo

Onde o medo e seus labirintos não podem me tolher

Por vezes tive que esticar as asas, me lançar ao céu

Quanto mais alto fui, menores ficaram as tormentas

Dos que se angustiavam apenas por me ver escrever

Quantos versos foram de lágrimas e quantos de riso

Mas em qualquer caso era a liberdade que conduzia

Isso me permitiu ser dono de mim, ser filho do vento

Meus poemas tiveram sons, tiveram flores e perfume

Já me disseram que invento histórias, mas nada disso

Meu poema nasce da minha vontade de ser e resistir

É o alimento do coração faminto, minha água e o sal

O poema é um gesto de verdade e, quiçá, embriaguez

O que me conduz sem timão, mapas e sem horizontes

Sou o navegante solitário, nestas cantigas e lamentos

Onde diluo as saudades e hasteio a bandeira do amor

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