sexta-feira, abril 1

5X

 Destacam-se as folhas do calendário, céleres como sempre
Açodadas pela rotação inexorável dos ponteiros das horas
O tempo vaza sem rumo, sem nexo em sua marcha infalível
Ao tempo, apenas os velhos fantasmas resistem desditosos
E que preenchem o vazio impenetrável dessa minha solidão

A dor que apunhala, a ideia que exala, a gala me cala a fala

Descerro a janela do isolamento, deixo entrar uma fímbria
de luz sobre o ranço do passado que me devora as utopias
O sussurrar remoto do rio, o trinado dos pássaros partidos
Entre o bem e o mal sou a fome de resistir à dor desta vida
Entre o certo e o errado sou a sede que adere nas palavras

A dor sentida a cada partida na lida desconhecida da vida

O copo na mão, esta noite, o negrume lá fora faz sentir só
Deixe-me lembrar tua imagem, que ouça tua voz de paixão
Deixe minhas mãos vagarem por teu corpo, qual um dia fiz
Relembrar nesta quietude profunda que eu sempre fui teu
Fazer-te sentir minha, num último beijo prolongado, sonhar

Tempo vassalo, na dor exalo, igualo o que falo e o que calo

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