Noturno 6.7
Hoje sei que a rebeldia não morreu na juventude e vim
escrever
Um poema que traga uma pausa aos gestos parnasianos de
rimar
Qual uma fumaça se
imiscui ao ar adubando as paisagens inertes
Recusando serem alinhadas nas prateleiras das ideias
que fluem
Em cabeças cobertas da cisma oculta, sob o boné da
ignorância
Versos que para
alguns, são nada mais que palavras transversas
Mas que são sementes
de muito suor intelectual e tempo gasto
Que caídas em solo
fértil, a contragosto daqueles, darão frutos
E fugiremos de viver
de mediocridade nesta vida de empréstimo
Mas devo alertá-los que só há uma nesga de deleite na
aspereza
Que se escondeu nos solos das baladas melódicas do
rock’n’roll
Repontando os refrãos desta labuta caseira de escrever
da dor
Como orientar-nos
se a fulgurância da facilidade bate na pupila
E nossos simples
olhos não veem contrastes à luz das lamparinas
Podendo tropeçar
nas sombras, pois que vamos de peito aberto
Como explicarei que
é tua própria imagem que mostra teus atos
Se para muitos basta resíduos memoriais das asas, mas
sem voar
Como direi que tantos que me adulavam, os vi de costas
demais
De meu leito de morte, onde seria mais conveniente eu
restasse
Entretanto a dor no peito já amainou e, sei que
chegará, um dia
Mesmo sob o peso da fome, este poeta liberto de toda
mortalha
Se erguerá desassombrado a contemplar um arco íris só em azul
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