quarta-feira, maio 18

Noturno 6.7

 Hoje sei que a rebeldia não morreu na juventude e vim escrever

Um poema que traga uma pausa aos gestos parnasianos de rimar

Qual uma fumaça se imiscui ao ar adubando as paisagens inertes

Recusando serem alinhadas nas prateleiras das ideias que fluem

Em cabeças cobertas da cisma oculta, sob o boné da ignorância

Versos que para alguns, são nada mais que palavras transversas

Mas que são sementes de muito suor intelectual e tempo gasto

Que caídas em solo fértil, a contragosto daqueles, darão frutos

E fugiremos de viver de mediocridade nesta vida de empréstimo

Mas devo alertá-los que só há uma nesga de deleite na aspereza

Que se escondeu nos solos das baladas melódicas do rock’n’roll

Repontando os refrãos desta labuta caseira de escrever da dor

Como orientar-nos se a fulgurância da facilidade bate na pupila

E nossos simples olhos não veem contrastes à luz das lamparinas

Podendo tropeçar nas sombras, pois que vamos de peito aberto

Como explicarei que é tua própria imagem que mostra teus atos

Se para muitos basta resíduos memoriais das asas, mas sem voar

Como direi que tantos que me adulavam, os vi de costas demais

De meu leito de morte, onde seria mais conveniente eu restasse

Entretanto a dor no peito já amainou e, sei que chegará, um dia

Mesmo sob o peso da fome, este poeta liberto de toda mortalha

Se erguerá desassombrado a contemplar um arco íris só em azul

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