quarta-feira, junho 22

Compreendi

 

Entendi bem anteontem que a maldade ainda existe
Pensei que houvesse sido abolida dois mil anos atrás
Quando o vento sul soprava leve o trigal na planície
Alegrado pela ventura de ser o alimento e a miração
Quão feliz era observar as hastes dobrarem-se lentas
O tempo tragou o prelúdio e a sublimidade da dança
Das hastes de trigo, douradas, ceifadas dia após dia
E mais que eu fosse lúcido entre o tumulto noturno
Era bom rir e cantar enquanto do céu vertia a chuva
Crianças deste século, que fazes? Cadê os tambores
Os folguedos inocentes, o taco, o carrinho de rolimã
Cadê teus valores familiares e sólidos, cadê crianças
Não há mais tempo para ser criança, soldado virtual
A vida ainda está lá, mas também estão os demônios
O pó imaculadamente níveo nada tem de imaculado
Seu veneno finge-se de mel, deixa o sangue inquieto
Eu olho os novos dias, cheio de melancolia e aflição
Mas alguns dirão tudo isso é coisa do tempo natural
É o novo normal: ao sair cuidado com a bala perdida

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