quarta-feira, junho 8

Iludido

 Meu poema surge não do refletido propósito de escrevê-lo

Penso que vem do inconsciente ou uma voz sobre o ombro

Isso que sinto a andar na multidão de olhos, bocas e  faces

Pessoas de ida, outras de regresso em toda a inconsciência

Quais tolas marionetes, inscientes das linhas que as movem

 

Agitadas por misteriosas mãos, dotadas de dedos invisíveis

Caminham crendo-se homens e mulheres, brancos e negros

Mas todos estúpidos, pois nada disso existe e nem importa

E nem sei se é assim, posto não tenho os dicionários da vida

Mas seria melhor vivessem com consciência e solidariedade

 

Na minha pretenciosa visão já no crepúsculo de minha vida

As ruas são páginas de livro, do qual extraio umas palavras

Para ordená-las em sequências que ouso chamar de versos

Que não são nenhuma profecia e nem o que aparentam ser

Mas signos cujo senso agrupados, não é o que têm isolados

 

Por vezes chego a crer seja um cego discutindo a paisagem

Nem sei se de fato abalizo o que passa detrás das vidraças

Imagino assim que tão-só tangencio a superfície das coisas

E esses poemas nem são sobre mim que exprimem ou falam

Somente lhes dou cor e forma, pois o show deve continuar

 

Trago então as sombras deste fruto de minha humanidade

A angústia de imaginar-me só ilusão entre tanta gente real

Um comentário:

  1. um abraço deste teu amigo que não esquece da garrafa prometida para ser aberta junto ao Tejo

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