Se escrever é fazer mágica, sou um mago; se for transformar, sou alquimista; se for dominar mistérios, então sou bruxo. Vim transmutar sentimentos em palavras e vice-versa. Os poemas falam de imagens, sentimentos e sonhos. Tudo se passa na vida real ou na surreal. Ao lê-los tenha atenção ao que está oculto nas entrelinhas. Deixe que os versos te levem onde o vento quiser levar. A musa de meus poemas é a vida. Estejam atentos, pois as palavras são metade de quem escreve e metade de quem lê.
quinta-feira, outubro 20
quarta-feira, outubro 19
O Circular
Caminhei entre girassóis de sonho e as tormentas pela cidade
Em meio às chuvas dessa primavera fria travestida de outono
Vi no espelho da noite, mofado de ausências uma flor exilada
Alucinado, sonhei em silêncio os pesadelos da vida e da morte
Enquanto apreciava as belezas ao avesso da cidade iluminada
A mostrar essa realidade que sangra, qual um ônibus circular
Um coletivo na sua viagem pela periferia, a balançar destinos
A balançar o sangue triste, os rostos amanhecidos de miséria
Indo e vindo entre incessantes misérias e as mãos estendidas
Enquanto alguns acima bem voam, o céu sob as constelações
Remoto demais para ver que outros lutam pelo cálcio da vida
Entre o gozo e o medo que essa distância seja intransponível
Não olvide que a pedra qual estamos é uma entre incontáveis
E ocupamos o que é, na realidade, o espírito de toda a criação
Que dialética poderia haver e justificar essas tantas diferenças
Entre esta umidade gris de cá e os invernos serenos de acolá
Quando os dias, em trajes de frio, ficarão mais macambúzios
A poesia não vai reduzir a distância entre março e setembro
Nem o poema irá, com palavras escancaradas, diminuir a dor
Mas faz saber, tristemente, que é tanto escrito e pouco se lê
Como podemos, com estes versos, amar em toda sua pureza
de vinho e sangue e salvar o coração ao final das madrugadas?
segunda-feira, outubro 17
A Busca
Sabes que te persigo pelas esquinas deste mundo
As noites são à tua busca, viver sem ti é não viver
Se sem ti não há vida, nem mesmo se pode morrer
Restando-me ser prisioneiro do silêncio e do vazio
Contigo eu, sem pretensão, sonho até sem dormir
No amanhã é o lugar onde irei poder te encontrar
No teu belo rosto se espelha a beleza de tua alma
Tua voz é o violão reencordoado para meu prazer
Persisto, pois sei que num momento tu vais surgir
Como o sol sempre surge depois das tempestades
Qual o céu vem sempre azul por traz de todo gris
Se não vens, todas as portas do mundo se fecham
E nada além de equívocos cobrirá os céus e terra
Vou sempre te buscar, gritar teu nome: liberdade
domingo, outubro 9
Inocênciq
O poeta afinal está morto?
A lâmina afinal caiu e o levou?
Empatia? Inocência? Empática inocência
A ferida do amor sangra para sempre
Um sonhador e seu vinho, mas sem rima
Deixou-se caminhar pelo inferno
Restou um último verso. O perfeito
Olhe o que afinal se tornou
Não quero mais lágrimas
Não quero a mesma canção
Teria meu coração acertado?
Ainda que seja apenas uma vez
Uma cachoeira azul turquesa
Que nadávamos nas águas com o luar
Ouvi seu nome e era saudade
Mate-me ou me cure
Estarei onde você disser