sexta-feira, janeiro 20

Alguém

Nem sei teu nome e já te fizeste qual turbilhão neste vazio
Tu apenas chegaste cintilante, revolvendo a noite solitária
Sem importar quão escuro, sombras e névoas na penumbra
Por mais que eu não permitisse, entrastes em meus sonhos
Antes, mais e acima que todas as pessoas ou qualquer uma
Que eu tenha sentido próxima, ainda que um amor furtivo
Qual uma ligação sideral, ora silenciosa, ora um relâmpago
Que arde em mim no instante fugaz que precede o trovão
E assim vieste nessa tempestade incompreensível, imatura
Feita de momentos cheios de impertinências, de distância
A se transformar nesse desejo rubro, sufocante e visceral
Que já venceu oceanos, atravessou horizontes só por mim
Sei-me tão imperfeitamente humano, mas saboreio o divino
Quando meu corpo se insere no teu e me privo de pudores
Um amor celestial, que por paradoxo, é malícia e é feitiço
Que dilacera meus sentidos e escrúpulos a sentir teu gozo
Sei que o amanhecer trará a dolorosa certeza da ausência
E ainda assim sinto teu gosto em mim a alimentar a insônia
A propor maliciosas descobertas de recônditas anatomias
Antes que um gélido dia, sem tom e sem som venha nascer


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