quinta-feira, janeiro 12

Sentinela

Como eu quisera ver o rosto do leitor animado ao ler
Estas tão humildes linhas, momentaneamente ferozes
Rompendo abrupto caminhos por pântanos desolados
E, ao invés de páginas selvagens de um escuro veneno
Transitar entre paradoxos espirituais de leitura lógica
 
Queria seduzi-los, não menos, a desconfiar que o livro
Revele como salvá-los das emanações mortais da alma
Talvez meu poema não deva ser lido por qualquer um
Que receie adentar ao vento, por terras inexploradas
Que fira almas tímidas inaptas a ler este fruto amargo
 
Nem espero olhos fixos, numa contemplação augusta
Como se olha ao pai, que taciturno, espera o inverno
Que venha frio e veloz, de algum ângulo do horizonte
O pássaro mais velho na vanguarda, a liderar o bando
Estala o bico, como fará a pessoa que não esteja feliz
 
Meus versos oscilam insensatos entre o som e a fúria
Sonho e realidade mesclam-se como a água ao açúcar
E são a sentinela melancólica que alertará de inimigos
São o presságio que há um iceberg nessa figura calma
Sugerindo guinar a filosofia a bombordo ou estibordo
 
Sou mais uma ave curiosa que esse capitão habilidoso
Sou o lado invisível do triangulo insciente do caminho


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