Sentinela
Como eu quisera
ver o rosto do leitor animado ao ler
Estas tão
humildes linhas, momentaneamente ferozes
Rompendo
abrupto caminhos por pântanos desolados
E, ao invés de
páginas selvagens de um escuro veneno
Transitar entre
paradoxos espirituais de leitura lógica
Queria
seduzi-los, não menos, a desconfiar que o livro
Revele como
salvá-los das emanações mortais da alma
Talvez meu
poema não deva ser lido por qualquer um
Que receie
adentar ao vento, por terras inexploradas
Que fira almas
tímidas inaptas a ler este fruto amargo
Nem espero
olhos fixos, numa contemplação augusta
Como se olha ao
pai, que taciturno, espera o inverno
Que venha frio
e veloz, de algum ângulo do horizonte
O pássaro mais
velho na vanguarda, a liderar o bando
Estala o bico,
como fará a pessoa que não esteja feliz
Meus versos
oscilam insensatos entre o som e a fúria
Sonho e
realidade mesclam-se como a água ao açúcar
E são a
sentinela melancólica que alertará de inimigos
São o presságio
que há um iceberg nessa figura calma
Sugerindo
guinar a filosofia a bombordo ou estibordo
Sou mais uma
ave curiosa que esse capitão habilidoso
Sou o lado
invisível do triangulo insciente do caminho
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