quarta-feira, janeiro 18

Marionetes

Era amor e nos disseram que era só disfarce
A real felicidade, incomodava aos obscenos
E nós, como marionetes, dançávamos a girar
A estreitar as linhas do mundo nesse abraço
E o nosso coração batendo num só compasso
Inscientes do tédio ou da morte que rondava
Há a verdade e há outra verdade e o dia veio
Ora sou o desencanto d’uma luz tão sonhada
Da sombra azul de um céu oculto por nuvens
Da voz ausente tão igual quanto distanciada
Dias de sol a caminhar, como anjo nu a vagar
Desalentado pelo recolher das asas e não ver
A copa das sequoias a enroscar nas estrelas
As orquídeas, tal talismãs, no verdor da selva
O segredo de um coração confuso nos átomos
Mas sei, nada foi irreal em nossa curta vivência
Porque te amei antes do primevo verbo criador
Sei também me amaste, una, radiante, desigual
Com tua história de paz nas fábulas do existir
E por termos sempre sido um, ainda somos dois
Mesmo que de nós, hoje restemos somente um


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