terça-feira, novembro 12

O Segredo da Lua

A tarde é um céu opaco na tristeza do entardecer
Impera um propício silêncio a preceder o temporal
Com o pensamento que germina em todas solidões
Minha voz nutre-se do alento, na memória do rosal
No tempo insone que separa a folha receber a flor
Nas voltas decompostas do relógio em turvas horas
A peculiar atmosfera enquanto se aguarda a chuva
As ideias me desertam na espera que a tarde impôs
A crueldade do calendário de saber tantos ontens
Mas a fugidia incerteza de que será algum amanhã
As nuvens, num esgar colérico, troam relâmpagos
Indiferente o ancião bafora seu corroto cachimbo
Cotovelos fincados na janela do outro lado da rua
Sob esfera celeste tão gris algo desgoverna em mim
Como poderia diante dessa tão refinada paisagem
Não sentir falta em assoladora e remota ausência
Não, não queria e nem vou dizer nada dessa falta
Porém nessa ardente flora que nasce da ausência
Não colherei flor alguma. A lua e seu porte grácil
Espalha sua luz pelo céu que as nuvens segredam


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