quinta-feira, novembro 7

Desafio

É tão fugaz e esquivo dar vida ao mistério das palavras
As poesias desde sempre entranhadas em meu coração
Mas nem assim me pertencem, assumo, mas me habitam
Numa vida que tive tanto que andar e de me desgarrar
Inquieto-me em poder dar ao bronze formas e essência
Súbito descubro que ao festim foi convidada a solidão
Faço com que a melancolia seja nada mais que desafio
Prosseguir jogando o jogo entre todas as minhas idades
Onde os pássaros cavalgam os ventos, acima das ondas
Abrir a janela, aspirar o campo, o cheiro de terra úmida
E recordar da brisa que se entremeia entre os arbustos
Mesmo quando dói trilhar pelo caminho da maturidade
Esquivando-se dos ritos, consultando signos e oráculos
Recorda hoje as vozes de outrora baterem à tua porta
Relembra da esperança amanhã, porque nunca foi fácil
Pois aqui estou como menino a cantar velhas canções
A sorver o novo poema, tal quem sorve a taça de vinho
O novo poema mais lúcido de um implacável anoitecer



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