segunda-feira, outubro 5

Perfeito acaso.



Meu mundo era a solidão que tanto contemplei sem ter alento
Mas um erro de clique veio transgredir o círculo de isolamento
De uma forma inusitada a conheci numa das voltas da ventura
No mundo cibernético, num jogo tipo de perguntas e respostas
Lá estava ela, sua forma aflorava-se com harmonia e equilíbrio
Sem saber que não me podia responder, a ela me dirijo e insisto
A vida novamente atira os dados do fortuito e surge a resposta
Abre-se um portal, que imagino de mil feixes alados multicores
E num movimento não mais que fugaz condensa o pensamento
As palavras são bálsamo para a alma como a argila o é ao oleiro
Uma figura criada do barro a alterar toda dimensão do possível
Vão os dias e ela se materializa na melhor proporção de mulher
e de criança, toda minúcia de seu ser é ato de geometria e ritmo
E nosso encontro se expande de esperança em todas as direções
Então, juntos sob a fina garoa caminhamos por muitas calçadas
Sem destino, apenas desfiando as marcas de dores incrustradas
E o que era dor, ora amenizada, nos leva por úmidas ruas ao alto
Ao chegarmos ao topo, tudo era pálido, fosco e a baía mal se via
Meio ao tumulto de vozes, o tempo restaura viva a trama da vida
O frio que assoma ao mirante requer o calor de um terno abraço
E o carinho renasce libertando a noite de uma face mais obscura
E nossos lábios se tocaram, ávidos, e trocamos carícias, carinhos.
Notório que meus pássaros selvagens anseiam habitar seu corpo
E sob um céu redesenhado a noite explode em um brilho inigual
O que eram parcas pálidas luzes por detrás da garoa, ora refulge
Onde era névoa, agora a cidade se descortina em luzes cristalinas
Magicamente viajamos a outra dimensão, estávamos apenas nós
Olho ao futuro, por fim liberto dos grilhões amargos do passado
Abro a perspectiva que a unidade de tempo do amor é o infinito
E que a vida possa ser um caminhar lado a lado e de mãos dadas
Depois de muitos passos juntos quando ao final a morte chegar
Poder então erguer meus olhos na mesma direção dos olhos dela
Para, relembrando-a como vencemos a indiferença e a amargura
E não permitimos que nenhum sonho fosse desfeito, vir beijá-la
longamente, enquanto os querubins anunciam em doces notas
com suas trombetas, ao paraíso, a chegada de mais um morador

3 comentários:

  1. >>> *inigual* - licença poética. O correto é desigual.

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  2. Que bom que você deixou um sinal de sua passagem por aqui, Fico feliz com isso. bjs.

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