segunda-feira, outubro 12

Turbilhão




Num fim de tarde desses, não muito distante, sem nada antecipar
Contra todas as impossibilidades a vida resolveu me surpreender
Eu que não trazia em meu peito dilacerado por tanta indiferença
Nenhum motivo para acreditar no destino a guardar boas novas
Certo que a morte seria a única companheira que não se afastaria
Chegando a ser uma aprazível amizade num caminho tão solitário
Alguém a compartilhar estórias replenas de tristezas e desilusões

Entretanto a verdade é que ocorrem mistérios entre o céu e a terra
Tantos que é inconcebível enumerar, e tudo mudou como vertigem
Naquela tarde de garoa que a nevoa no horizonte, ocultava o céu
Nessa paisagem, a paixão seguramente veio nascer de um abraço
Meio ao murmúrio das folhas sacudidas pela brisa ao nosso redor
E eloquência silenciosa que o vento tocou no âmago de minh‘alma
Despertando em meu peito emoções intensas e já quase olvidadas

E os dias se puseram passar, lentamente, temperados de ansiedade
Mas sem dor, replenos do desejo de tê-la de volta em meus braços
Para errantes pela cidade, entre nuvens de sonho, acalmar a espera
Abandonando os espinhos da vida que já tropeçamos e sangramos
Numa procura, numa dança, recordar enfim que todo amor é doce
Foi assim que descobri nas curvas de teu corpo a flor da perfeição
No teu perfume, teu sabor, entre sussurros, descubro que renasci

Na volúpia das bocas a se buscar, de braços entrelaçados, de suor
A vida se refaz e imortaliza tudo o que há de melhor sobre a terra
Num carinho profundo, mais achegado ao divino que do profano
Somos só emoções na noite que, à beira mar, no reflexo das luzes
Criamos nossas próprias lendas, traçamos nosso melhor caminho
Do futuro, nada se pode adiantar, só a certeza que este meu amor
É turbilhão sem fim, que de tão irresistível, já nem me pertenço mais.

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