quinta-feira, julho 28

Planos




Não sei como a dor se refugia no peito, mas sei do incômodo
E conjeturo que vem do inverno dos sentimentos irrealizados
De fugas sem sentido, de desejos ignorados, amor coagulado
As imagens da doçura são cristais fractais reflexos no espelho
Parece que a vida que se viveu ainda agora, é apenas sombra
Restou um olhar estático por vê-la partir na lisura do silêncio
Deixou uma tristeza cinza, lesa, um desamparo pobre e febril
É árduo lidar com o que se vive quando não se faz por inteiro
Nada há para reler, pois a lousa do romance ficou em branco
Na calada da noite o que era para ser confidências e suspiros 
Tornaram sussurros traiçoeiros à margem de um porão escuro
Na saudade que é uma subtração de certa parte de nossa vida
O desencanto vem veloz e certeiro quanto é uma bala perdida
Enquanto a chegada de outro dia, lenta igual água derramada
Ambos retiram a lucidez. Mas a vida tem seus próprios planos
Ofereço resistência ao jogo: será que está tudo como previsto?
Alguém abre o caderno e lê o poema. Até dói, mas não sangra!
Visto a calça de brim e saio assobiando nesta solidão provisória

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