Remotas lembranças me vêm qual
sombras impressas no vento
Vestígios de tempos de outrora num
aceno de cores e cheiros
Num gesto veste a alma de saudade,
rápido como o desespero
Abre as janelas de onde vejo o
sorriso de um passado distante
Cabelos soltos ao vento, o brilho sem
fim daquele único olhar
Quando se descobre que a busca de uma
vida enfim terminou
Mas um dia o destino escolhe que não
e nem uma foto restou
Imagens sem face e sem jeito à mercê desse caminho sem volta
Os desígnios da vida ocultam muito
mais que os jogos infantis
Entro e saio, abro portas, mas todo lugar é só um grande vazio
A vida parece
que só está à periferia da minha árida existência
Ao centro são pedaços inacabados. São náufragos
a resgatar
É como sentir-se
uma tela esquecida na parede do velho museu
Ah, vida breve como borboleta, abstrata, como algo que não é
Um instante
recluso dentro do tempo ou uma ilusão inacabada
Será essa saudade intensa, a cura submersa na minha realidade?
Tantas coisas a passar ao meu redor, filtradas pela minha retina
Que vezes até duvido
existir e ser uma visão onírica do criador
Nestes textos desconexos a que chamo
poesia, o real se alheia
Quem pode dizer que sabe do bem e do mal em equilíbrio enfim?
Talvez sejamos apenas
os loucos num manicômio, peças de jogar
Em um surreal jogo
de xadrez que, ao certo, nunca vai terminar
Nenhum comentário:
Postar um comentário